Região de extração no Vale do Jequitinhona - Reprodução: site da Sigma Lithium
A exploração do mineral nobre lítio em terras mineiras, nos últimos 10 anos, tornou-se uma das principais esperanças financeiras para cidadãos e empresários da região do Vale do Jequitinhonha. Mais precisamente, desde que a empresa canadense Sigma Lithium se instalou por lá.
Desde então cerca de R$ 3 bilhões já foram investidos pela empresa na região. O projeto, que já está em operação há quase 1 ano, possui uma planta instalada entre os municípios de Araçuaí e Itinga. O local, agora chamado de Vale do Lítio ou mesmo, conforme a própria Sigma denomina, Grota do Cirilo, tem a perspectiva de produção de mais de 5 bilhões de dólares em lítio apenas nas duas primeiras - das três fases previamente planejadas - de exploração.
Na verdade, desde que foi descoberto que com o lítio é possível fazer baterias altamente potentes e mais leves, o mundo iniciou uma corrida para encontrar mais e mais fontes desse minério, e isso se intensificou com o advento do uso de veículos elétricos. Todos querem explorar reservas de lítio ao redor do mundo, afinal, as montadoras estão dispostas a pagarem o que for necessário para continuarem a fabricar os seus modelos eletrificados, e para isso, precisa-se de baterias.
E por que o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, foi o local escolhido para tamanho projeto? Fácil responder, já que a região de Minas Gerais é riquíssima em diversos minerais, e o lítio encontrado por lá, segundos laudos de especialistas, tem uma pureza alta, ao contrário da maioria dos outros países, o que facilita o uso na fabricação de baterias mais potentes.
Segundo estudos do Instituto de Geologia do Brasil , o lítio está principalmente nas terras dos municípios de Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul e Virgem da Lapa, com cerca de 45 depósitos do mineral. Estima-se que em cada foco desses, o potencial de extração chega a ser 20 vezes maior que reservas de outras regiões conhecidas.
Por que a denominação "Lítio Verde"?
O investimento bilionário compreende diversos pontos em torno da extração e valorização da região mineira, segundo o que os porta-vozes da Sigma têm sempre tentado deixar claro à imprensa. Todo o conjunto de ações que vêm sendo tomadas ao longo desses últimos anos, gira em torno da possibilidade de extração do chamado "Lítio Verde", que nada mais é do que tornar a atividade da mineração do lítio o menos agressivo possível ao meio ambiente, com baixa emissão de poluentes no ar, solo e água.
Este lítio é considerado de baixo carbono, pois não utiliza químicos nocivos no processo de hidrometalurgia, que é a separação, purificação e concentração dos materiais por meio do uso da água. Uma das atividades da mineração que mais causa danos irreversíveis à natureza. Um exemplo disso são as barragens de rejeitos de minérios.
Uma boa parte desses R$ 3 bilhões em investimentos foi empregada na planta "greentech", que trata a água usada, que segundo divulgado seria uma água impura para uso comum, proveniente de "esgoto", e que ao fim, ainda permite reutilizar aquela mesma água em um novo processo, segundo contou a própria CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral-Gardner, em entrevista recente à CNN Brasil.
A CEO ainda explicou nesta mesma entrevista sobre diversos outros projetos postos em prática, inclusive durante a fase mais grave da pandemia por Covid-19, que visam a melhoria da qualidade de vida das populações locais, visto que essa região mineira é historicamente muito carente, com poucos investimentos em educação e com uma economia muito enfraquecida.
Vamos torcer para que, realmente, tanto o meio ambiente quanto a qualidade de vida da população da região, sejam verdadeiramente priorizadas, não é verdade?
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